Nível de Dificuldade: 3-8
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A lenda de Serpínea
Há alguns anos soube da lenda de Serpa, no Cancioneiro de Serpa de Maria Rita Ortigão Pinto Cortez, publicado pela Câmara Municipal de Serpa em 1994. Em Junho de 2016 escrevi música para “A Lenda de Beja” com base na canção alentejana “Castelo de Beja”. Achei que colaborar com a divulgação do património imaterial de Serpa poderia ter algum interesse, tanto para instrumentistas como para professores de música. Neste caso, a música escolhida como material pré-composicional foi a canção “Menina que estás à janela”, contida no cancioneiro mencionado.
O texto d’A Lenda foi colocado no início de cada quadro musical. As secções musicais não se encontram ordenados de acordo com uma dificuldade técnica ou musical, dedilhados e indicações de pedal não foram colocadas. Tentei que todos os números tivessem a mesma duração e, em alguns, pode encontrar-se a secção dourada a dividir a música. A linguagem musical não é a mais utilizada hoje em dia na criação artística “de autor”, mas acho muito apropriado aproximar as crianças dos 6 aos 12 anos dos problemas da interpretação musical e do eventual significado da música.
Alentejo
Como noutras ocasiões, foi o meu amigo Paulo (Lima) que me pediu uma cópia da partitura da canção “Alentejo, Alentejo” para a criação de uma medalha, que estaria a cargo do escultor José Teixeira.
O Paulo enviou-me um email com a gravação da música e, a partir desta referência, extraí para a partitura a melodia. Estas músicas não são susceptíveis de escrever respeitando todos os detalhes, como se tratasse de uma obra clássica. Hoje, 11 de Janeiro, fiz uma cópia mais nítida a pedido de José e como tinha uma hora de tempo livre dediquei-me a brincar com esta música, realizando uma versão para piano. Uma homenagem ao Alentejo profundo.
Duas Canções Alentejanas
“Duas Canções Alentejanas” conhecidas como “modas”, fazem parte do meu imaginário como criador de música, desde que chegámos ao Alentejo. São quase meditações sobre as melodias originais. Não têm a pretensão da originalidade o da modernidade. Tentei compartilhar a sensação de paz que sinto fazendo parte da paisagem desta planície.
Num programa de concerto, creio que funcionem como peças simples extra programa. Não devem necessariamente ser executadas em conjunto.
Lenda
Há alguns anos conheci a lenda de Beja, já não me recordo das circunstâncias ou da fonte. Há poucas semanas elaborei materiais didáticos para as classes de análise musical e composição baseando-me na “moda” alentejana “Castelo de Beja” e, após uma semana de descanso, pensei que esta canção podia ser um bom meio para elaborar um discurso musica que apoiasse a lenda mencionada na primeira frase deste texto. Não existe outro material musical que não seja a primeira frase desta canção:
A lenda, como a recordo ou imagino é algo assim:
Em tempos pré-romanos, onde é hoje a cidade de Beja, havia uma pequena aldeia ensombrada por um monstro em forma de serpente. Para terminar com o terrível animal alguém teve a ideia de envenenar um touro e colocá-lo na charneca onde a serpente passeava. Assim fizeram. O touro, que estava vivo quando foi abandonado à sua sorte, lutou com o monstro, embora debilitado pelo efeito do veneno e acabou por ceder e morrer. A serpente, depois de comer o touro, sofreu também o efeito do veneno, acabando também por morrer.
É por isso que o brasão da cidade de Beja tem no centro a cabeça de um touro.
Os textos que acompanham a música tentam seguir, com alguma fantasia, a lenda. Sei que a linguagem musical empregue não é a mais aceite pela academia de compositores dos dias de hoje mas é a mais apropriada, no meu entender, para os fins didáticos destas páginas.
Roberto A. Pérez
Coleção “Obra Didática de Roberto Alejandro Pérez” | Volume V
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